Em “Ser Lean ou Fazer Lean” explorei o tema Lean do ponto de vista conceitual. Mas e do ponto de vista operacional? Qual a direção das mudanças que devemos fazer nos processos para que tornemos nossa empresa Lean?
Para responder a essas perguntas vou recorrer aos Cinco Princípios muito divulgados em livros e treinamentos sobre Lean:

Entender o que é valor para o cliente
Mapear o fluxo de valor e eliminar desperdícios
Estabelecer fluxo contínuo
De maneira a puxar a produção
Gerenciar rumo a excelência
Tomarei a liberdade de fazer uma análise de trás para frente desses princípios para facilitar a linha de raciocínio.

Gerenciar Rumo a Perfeição

Esse último princípio também pode ser visto como o primeiro. É gerenciando rumo à perfeição ou excelência que se busca melhorar sempre. Esse princípio faz com que as empresas repitam esse ciclo de princípios diversas vezes para melhorar seus processos e, como consequência, seu desempenho.
Esse é o verdadeiro espírito de empresas e pessoas lean: enxergar oportunidades e mudar os processos para atingir os objetivos da empresa. Esse é o comportamento que procurei esclarecer em “Ser Lean ou Fazer Lean”.

De Maneira a Puxar a Produção

Do ponto de vista do processo esse é o grande objetivo do Lean. Os processos devem ser puxados. Isso significa fazer o que o cliente quer, na quantidade que ele quer, e no momento que ele quer. É importante entender que cliente, nesse caso, não é só aquele que compra os produtos da sua empresa, mas sim o processo cliente, aquele que recebe o produto do seu trabalho.
Todas as ferramentas e conceitos Lean, sem exceção, se desenvolveram a partir da necessidade de se estabelecer a puxada com o processo seguinte. Por essa razão é necessário entender qual a ferramenta a sua empresa necessita implantar primeiro para atingir o melhor resultado. Simplesmente implantar ferramentas ao acaso não traz e nunca trará resultados a nenhuma empresa.

Estabeleça Fluxo onde Possível

Não existe forma mais precisa de produção puxada. Se o seu processo está em fluxo contínuo, isso significa que cada uma das operações só executa aquilo que a sua operação cliente quer, na quantidade que ela quer e no momento em que ela quer. O fluxo contínuo é o estado perfeito da produção puxada.
Se todas as empresas pudessem estar em fluxo contínuo com fornecedores e clientes, o estoque de matéria-prima e produto acabado seria desnecessário. Receberíamos e venderíamos apenas o realmente necessário. Isso seria uma puxada perfeita.
No mundo real os processos não são assim por inúmeros desperdícios existentes, muitas vezes inerentes a eles. Por isso esse princípio vem primeiro: estabeleça fluxo onde é possível e, onde não for, faça melhorias para atingi-lo.

Mapear o Fluxo de Valor e Eliminar Desperdícios

Como saber onde podemos estabelecer fluxo? Como enxergar os desperdícios no processo em comum acordo com todos? Como definir em que parte do processo devemos implantar diferentes conceitos e ferramentas para se chegar ao fluxo contínuo?
O Mapeamento de Fluxo de Valor possibilita tudo isso. O Mapa é a ferramenta para que todos enxerguem os desperdícios no processo, para que todos enxerguem o que é necessário fazer para se eliminar esses desperdícios.
A partir da visão do estado atual se define um estado futuro, uma visão de como o processo deve ser para se estabelecer um fluxo contínuo. Dessa visão se definem e se implementam projetos de eliminação de desperdícios.

Entender o que é valor para o cliente

Mas o que são desperdícios? Desperdícios são processos ou partes de processos que só agregam custo e tempo ao produto. Eles existem em todos os tipos de processo, as vezes são inevitáveis, mas devem ser minimizados, e muitas vezes são possíveis de se eliminar.
Mas como saber o que agrega custo e tempo? É preciso entender o que é valor para o cliente. O que meu cliente está disposto a pagar, a receber. Todo o resto é desperdício.
Mais uma vez é importante entender cliente aqui não só como aquele que nos paga, mas o próximo processo também. Se todos dedicassem a mesma atenção e cuidado às informações e produtos que passam para o próximo processo, como os fazem para os clientes externos, as empresas seriam melhores e mais bem sucedidas.

Portanto não importa qual é o seu setor industrial, produto ou processo, sempre é possível seguir esses cinco princípios ou cinco passos para tornar o seu processo lean. Entenda o que seu cliente quer, elimine o que não agrega valor em seu processo em busca da mais perfeita produção puxada: o fluxo contínuo.
Algumas vezes isso não será possível fazendo uso das ferramentas tradicionais que já são conhecidas e divulgadas. Mas esse será o momento de provar que sua empresa é realmente Lean e desenvolver as soluções necessárias.

Gostou do texto? Acredita que essas oportunidades existam na sua empresa?
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