Crianças são seres humanos puros. Livres de regras, pragmatismos e preconceitos que vamos adquirindo durante a vida. São emocionalmente imaturas, com sentimentos a flor da pele, portanto não hesitam em expressá-los ao menor sinal de frustração ou alegria.

Eu tenho dois. Pequenos, com 2 e 4 anos. E desde o nascimento do mais velho venho me inventando e reinventando para dar o que entendo que é a melhor criação para eles.
Aprender a lidar com eles, conseguir cumprir meus objetivos com eles, me trouxe diversos aprendizados que, no final, se aplicam à Gestão de Pessoas de maneira geral.

1. Explicar objetivamente o porquê das decisões
   Apesar de não entenderem exatamente tudo o que falamos, todas as vezes que paramos, respiramos e explicamos para meus filhos o porquê dos comandos que lhe foram dados, eles o aceitam melhor do que o simples comando.

   As empresas, em geral, têm muitas dificuldades de comunicação. Quanto mais baixo o nível hierárquico, mais a informação vem na forma de comando.
   O Conselho e Diretoria das empresas passam dias discutindo e analisando informações e cenários para tomar uma decisão estratégica e, quando essa decisão é passada para frente, ela é explicada em poucos minutos.
   E então esperamos engajamento, esperamos que o funcionário se sinta parte da empresa.
   Se quer que as pessoas apoiem as decisões da empresa e se comprometam com esse caminho, é preciso que essas decisões sejam explicadas.

2. Confirmar se entenderam o que foi explicado
   Sempre que eu explico ou comunico alguma coisa importante para meus filhos peço para eles repetirem o que eu acabei de dizer. Invariavelmente eles não entenderam ou fizeram suas próprias interpretações dos fatos.

   Parafrasear, repetir o que alguém acabou de explicar é uma técnica poderosa de comunicação. Ela confirma se a comunicação foi bem entendida e evita problemas de desentendimento no futuro.

3. Se sentem mais seguras comunicando o que estão fazendo
   Crianças se sentem mais seguras comunicando o que elas estão fazendo. “Estou brincando no quarto”, “vou lá fora”, “estou vendo desenho”, “vou ao banheiro”, são frases corriqueiras apenas para informar o que estão ou irão fazer.

   Abrir esse caminho na empresa, deixar essa porta aberta para o funcionário é fundamental para que ele se sinta seguro e motivado. As pessoas gostam de ter o espaço para dizer o que estão fazendo e, as vezes, até serem ajudadas. O que nos leva ao nosso próximo item.

4. Preferem ser ajudadas do que faça por elas
   Na maioria das vezes que tento fazer alguma coisa por meus filhos, quando eles já estão tentando, eles não me deixam fazer. Se eu me aproximo com a frase “deixa que o pai faz para você”, a chance de eu conseguir fazer é muito menor do que “deixa que o pai te ajuda”.
   O simples fato de eu mudar a minha abordagem, faz com que eles aceitem que eu interfira na atividade que eles estão desenvolvendo.

   Fazer as atividades de um funcionário ou um colega porque ele está em dificuldades só faz com que ele se sinta pior em relação ao seu trabalho, ao seu lugar na empresa, ao seu envolvimento na construção ou condução dos caminhos que a empresa direciona.

5. Reagem conforme as suas reações
   Se você ri, a criança ri. Se você brinca, a criança brinca. Se você grita, a criança grita. Se você bate, a criança bate.
   Estudos antropológicos e sociológicos mostram que o ser humano usa de mimetismo para garantir a sua sobrevivência e pertencer à grupos. Acontece com adolescentes, acontece com casais e com equipes.
   Portanto, se espera um comportamento da sua equipe, você deve começar com esse comportamento. A liderança pelo exemplo não é um discurso infundado de motivação, mas sim um fato fundamental em mudanças comportamentais.

Cada vez mais, venho aplicando esses conceitos em casa e no trabalho. E tenho colhido bons resultados. Não se trata de funcionar sempre, ou de ser estritamente necessário para que tudo funcione, mas a prática constante desses cinco aprendizados, traz sim um ambiente melhor, um espaço onde todos pertencem e estão construindo algo.

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